quarta-feira, 5 de agosto de 2009

A curiosa mecânica da Língua Portuguesa

Já faz um bom tempo que eu tenho notado que as pessoas costumam perguntar pelo nome alheio na seguinte forma: "Como é o seu nome?". Acho isso tão esquisito, parece que é pra pessoa descrever "Então, meu nome é muito bonito, é de origem anglo-saxã, tem oito letras (nenhuma delas se repete), três sílabas e é proparoxítono!". Muito mais lógico perguntar "Qual é o seu nome?", não é mesmo? E engana-se quem acha que essa forma é empregada apenas pelas classes mais populares. Ano passado eu me lembro que minha professora de literatura, lá na UFBA, perguntou meu nome usando "Como" e não "Qual".

Mas aí é que está! Na mente de uma pessoa dessas, com certa lógica, devo dizer, o que vem da boca do indagado logo depois da dita pergunta é o nome dele. Ou seja, na concepção de uma pessoa que pergunta "Como é o seu nome?", o que vier de resposta é o nome da pessoa, logo, meu nome seria "Então, meu nome é muito bonito, é de origem anglo-saxã, tem oito letras (nenhuma delas se repete), três sílabas e é proparoxítono!", um rival ao nome completo de Dom Pedro (Pedro de Alcântara Francisco António João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon)! Na melhor das hipóteses, se a pessoa tiver um pouquinho de bom senso, entenderá que "Então, meu nome é..." antecede a resposta de fato.

O curioso é que de acordo com essa lógica, a pergunta funciona estando errada ou não. Eu me vi obrigado a responder "Paterson!", ou correria o risco do meu nome ser interpretado como acima. É mole?

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